Entrei para a Cruzada Eucarística, aos sete anos, menos por religião e mais porque o ambiente era pleno de atividades interessantes para um garoto. Espectador privilegiado pude observar de perto, dos bastidores, todo o ritual fantástico da Santa Missa. Assistir a paramentação dos padres antes do ofício de domingo. Olhar de perto e atentamente, enquanto todos abaixavam as cabeças, o momento solene da consagração da hóstia, para mim, até hoje, o instante onde o padre mais acredita na encarnação de Jesus Cristo. 0 Sangue e o Corpo se materializando enquanto os sinos soavam… Eram momentos maravilhosos demais para uma criança.

Passei quase todo o resto de minha vida, meio distante da igreja.

Como se não houvesse mais exemplos para que eu fosse habitualmente a um templo. Fui muito esporadicamente a uma missa ou outro evento qualquer. Sempre acreditando em Deus, entretanto distante de Cristo e da Igreja.

Dias atrás, entretanto liguei a TV e vi uma espécie de manto branco deslizando pela multidão. Era o Papa que visitava o Brasil. Quando vi seu carro preso em um engarrafamento estremeci pela sua segurança. Aos poucos fui me acalmando, quando vi seus braços, fora do automóvel, acenando para a multidão. Logo comecei a perceber que aquele para era um verdadeiro representante de Cristo. 0 Cristo que me ensinaram a amar e do qual eu tivera por longo tempo afastado.


Obrigado Papa Francisco por sua simplicidade. Por ter escolhido um carro popular, sem blindagem e ter andado pelas ruas com o vidro aberto! Pois foi exatamente assim que Cristo entrou em Jerusalém:

“No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, clamando: Hosana! Bendito o o que vem em nome do Senhor e que é Rei de Israel! E Jesus, tendo conseguido um jumentinho, montou-o, segundo está escrito: Não temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, montado em um filho de jumenta”. – João 12:12-15

Depois disso, cada vez. que eu o via ou ouvia ficava mais claro a sua semelhança com Cristo e com o seu padroeiro São Francisco de Assis.


Quando indagado por um repórter se ele não sentia medo? Respondeu: Eu não tenho medo, sou um pouco inconsciente. Ninguém morre na véspera. Quando Deus me chamar irei tranquilo.
Obrigado, Sua Santidade, por não ter medo! Vejam a fala de São Francisco de Assis:
“O que temer? Nada.
A quem temer? Ninguém.

Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtém três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho e vida sem morte”.

E assim foram se repetindo os exemplos. Corno o Santo não usou de toda pompa, dormiu em quarto simples, comeu junto com os outros padres e bispos… Ele disse – Eu não gosto da solidão!

“Quem a tudo renuncia, tudo receberá”.
A cada gesto e a cada olhar transmitia amor e paz.
“Quisera ter as asas invencíveis de uma águia para atravessar as cordilheiras e gritar sobre as cidades:
O Amor não é amado!
O Amor não é amado!

Como é que os homens podem amar uns aos outros se não amam o Amor?

Senhor fazei de mim um instrumento de vossa paz.

“Para pregar a Paz, primeiro você deve ter a Paz dentro de você.”

São Francisco de Assis

Obrigado Papa Francisco por sua coragem.

Por incluir os filhos de mãe solteira no seio da igreja, reafirmando que ali é um templo e não um cartório.

Obrigado por respeitar os homossexuais.

“Todos os seres são iguais, pela sua origem, seus diretos naturais e divinos e seu objetivo final”.
São Francisco de Assis


Obrigado Papa… Pelo seu senso de humor, quando falou que o Papa era Argentino, mas Deus era Brasileiro! Por acreditar que os jovens devem ser contestadores, comentando sobre as manifestações no Brasil. Mas o meu maior obrigado é por sua santidade ter insistido constantemente em beijar, de maneira tão carinhosa, as nossas crianças. Sabe Deus quanto sacrifício essas mães fizeram para ficar próximas da sua paz e do seu caminho.


Vimos caírem de seus olhos algumas lágrimas quando um garoto de nove anos o abraçou, também chorando, dizendo que o seu sonho era um dia ser padre. O Brasil inteiro, nesse momento, chorou junto!


Depois dessa visita todos os lugares que frequentei, só ouvi uma voz… É um verdadeiro representante de Cristo.

Obrigado Papa Francisco. Por ter me aproximado novamente do Cristianismo!

Armando Sérgio da Silva

Professor, escritor, diretor teatral e ex-secretário de Educação e Cultura de Mogi

(Coluna Armando Sérgio – Revista Cidade Viva, Agosto de 2013)

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